A esquizofrenia ainda é uma doença desconhecida pela sociedade, sempre cercada de muitos tabus e preconceitos.
A esquizofrenia é um dos transtornos mentais grave que acomete uma pequena parcela da população em idade jovem, entre os 15 e os 35 anos de idade. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), é a terceira causa de perda da qualidade de vida entre os 15 e 45 anos, considerando-se todas as doenças.
Apesar do impacto social, a esquizofrenia ainda é uma doença desconhecida pela sociedade, sempre cercada de muitos tabus e preconceitos. Crenças como “as pessoas com esquizofrenia são violentas e imprevisíveis”, “elas são culpadas pela doença”, “elas têm dupla personalidade”, “elas precisam permanecer internadas” são fruto do desconhecimento, princípio do preconceito.
A esquizofrenia caracteriza-se por ser uma desestruturação psíquica muito severa, em que a pessoa perde a capacidade de integrar suas emoções e sentimentos com seus pensamentos, podendo apresentar crenças irreais, os delírios, percepções falsas do ambiente, as alucinações e comportamentos que revelam a perda do juízo crítico.
A doença produz também sofriveis dificuldades sociais, como as relacionadas ao trabalho e relacionamento, com a interrupção das atividades produtivas da pessoa. A doença destrói o convivio social na medida em que as pessoas não toleram a presença do portador da doença em seu meio social.
O tratamento envolve medicamentos, psicoterapia, terapias ocupacionais e conscientização da família, que absorve a maior parte das tensões geradas pela doença.
A esquizofrenia não tem cura, mas com o tratamento adequado a pessoa pode se recuperar e voltar a viver uma vida normal. Muitos conseguem constituir família e realizar um trabalho cotidiano.
História da esquizofrenia
A esquizofrenia foi inicialmente descrita como doença no final do século XIX pelo psiquiatra alemão Emil Kraepelin. Na época, ele chamou-a de Demência Precoce, pois as pessoas acometidas por ela, na sua maioria jovens, exibiam um comportamento retrógrado e desorganizado, que lembrava os idosos portadores de demência, como a Doença de Alzheimer.
No início do século XX, Eugen Bleuler, psiquiatra suíço, cunhou o termo esquizofrenia (esquizo=cindida; frenia=mente), por achar o termo anterior inadequado. Para ele, a principal característica da doença era a cisão entre pensamento e emoção, dando a impressão de uma personalidade fragmentada e desestruturada. Os pacientes não tinham necessariamente uma evolução deteriorante como na demência e muitos se recuperavam.
Contudo, a alcunha de doença degenerativa acompanhou a esquizofrenia por muitas décadas. Com um arsenal terapêutico limitado, a doença encheu vários hospitais em todo o mundo, a ponto de ter o maior índice de hospitalização. Muitos dos casos de hospitalização tinham como motivo o preconceito e intolerância.
A dificuldade de reintegração à sociedade, motivada por internações muito prolongadas e pelos poucos recursos de tratamento, aumentou o estigma e o preconceito que cercam a doença até hoje.
Nos últimos 25 anos assistimos a uma revolução na maneira de tratar os doentes mentais: medicamentos modernos capazes de controlar a doença e de permitir a reintegração dos pacientes à família e à comunidade, dispositivos alternativos aos hospitais, que acolhem a pessoa dentro de sua singularidade e que trabalham pela sua reabilitação psíquica e social, mais informação para vencer os tabus e preconceitos da sociedade, participação colaborativa da família e de redes sociais imbuídas do objetivo comum de apoiar e lutar pela recuperação dos pacientes.
Tudo isso parece não bastar para derrotar o preconceito e o estigma. O rótulo “degenerativo” continua perseguindo a esquizofrenia, apesar dos inúmeros exemplos contrários.
A pessoa acometida pela esquizofrenia tem grande potencial à sua frente. Precisa lutar contra as dificuldades do transtorno, é verdade. Mas pode se recuperar, vencer os obstáculos e seguir seus sonhos.
Nesta batalha, precisa ter ao seu lado sua família, seus amigos, pessoas que a amem e apoiem e que, sobretudo, saibam compreendê-la. Tem a seu favor medicamentos eficazes, suporte psicológico e terapias de reabilitação capazes de ajudá-la nessa superação. Certamente contará com uma sociedade mais justa e que possa recebê-la um dia como igual.
A esquizofrenia é um transtorno mental crônico e grave que afeta a maneira como uma pessoa pensa, sente e se comporta. As pessoas com esquizofrenia podem parecer como se tivessem perdido o contato com a realidade, o que pode ser angustiante tanto para elas quanto para as pessoas ao seu redor. A esquizofrenia não é tão comum quanto outros transtornos mentais importantes, mas pode ser extremamente incapacitante.
Características Gerais da Esquizofrenia:
Sintomas Positivos: Estes são comportamentos psicóticos adicionais que não são normalmente vistos em pessoas saudáveis. Incluem alucinações (como ouvir vozes que não estão lá), delírios (crenças falsas fixas), pensamentos desordenados e movimentos corporais anormais.
Sintomas Negativos: Referem-se a uma redução ou ausência de capacidades normais. Isso pode incluir falta de expressão emocional, apatia, falta de motivação e dificuldades em realizar atividades diárias.
Sintomas Cognitivos: Estes incluem problemas com memória e funções executivas, como atenção, concentração e tomada de decisões.
Diferentes Diagnósticos de Esquizofrenia:
A esquizofrenia pode ser subdividida em diferentes tipos com base nos sintomas predominantes e na apresentação clínica. As classificações podem variar, mas comumente incluem:
Esquizofrenia Paranoide: Caracterizada pela presença predominante de delírios (geralmente de perseguição ou grandiosidade) e alucinações auditivas. As funções cognitivas e emocionais podem estar menos afetadas do que em outros tipos.
Esquizofrenia Desorganizada (ou Hebefrênica): Caracterizada por um discurso e comportamento desorganizados e respostas emocionais inadequadas ou planas. As pessoas podem ter dificuldade em realizar atividades diárias de maneira organizada.
Esquizofrenia Catatônica: Marcada por distúrbios motores extremos, como imobilidade ou atividade física excessiva. Pode incluir mutismo, negativismo, e maneirismos ou estereotipias motoras.
Esquizofrenia Indiferenciada: Aplica-se quando a pessoa não se encaixa especificamente nas categorias paranoide, desorganizada ou catatônica, mas ainda apresenta sintomas claros da esquizofrenia.
Esquizofrenia Residual: Utilizada quando houve pelo menos um episódio de esquizofrenia, mas os sintomas positivos (como alucinações e delírios) diminuíram em intensidade, embora sintomas negativos e sintomas cognitivos possam persistir.
Critérios de Diagnóstico:
Os critérios para diagnosticar a esquizofrenia variam ligeiramente entre diferentes sistemas de classificação, como o DSM-5 (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais) e o CID-11 (Classificação Internacional de Doenças). No entanto, ambos geralmente exigem a presença de sintomas significativos por pelo menos seis meses, com pelo menos um mês de sintomas ativos, incluindo pelo menos dois dos seguintes:
1. Delírios.
2. Alucinações.
3. Discurso desorganizado.
4. Comportamento amplamente desorganizado ou catatônico.
5. Sintomas negativos (como diminuição da expressão emocional).
O diagnóstico e tratamento da esquizofrenia são complexos e requerem avaliação e acompanhamento por profissionais de saúde mental, incluindo psiquiatras e psicólogos. A intervenção precoce e o tratamento contínuo podem ajudar a controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida das pessoas afetadas.